Cinegrafista morto durante tiroteio em favela do Rio é enterrado com a bandeira do Vasco
Colegas de imprensa acompanharam velório do cinegrafista Gelson Domingos da Silva, no Rio.
O cinegrafista Gelson Domingos, 46 anos, da rede Bandeirantes, foi enterrado neste dia 7 de novembro no cemitério Vertical Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro, após ter sido baleado durante uma operação realizada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), na Favela de Antares, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Autoridades e jornalistas estiveram presentes no enterro do cinegrafista, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju. Ele foi enterrado com a bandeira do Vasco da Gama, time pelo qual torcia.
A morte de Gelson foi destaque na mídia nacional e internacional. Gelson foi atingido no domingo (6), com um tiro de fuzil no peito, enquanto acompanhava uma operação do Bope e do Batalhão de Choque (BPChoq) na favela de Antares, em Santa Cruz, na zona oeste da capital fluminense.
O Coronel Frederico Caldas, coordenador de comunicação social da PM, foi ao local prestar solidariedade em nome da corporação. De acordo com ele, a ação na favela foi planejada a partir de informações da inteligência do Batalhão de Choque, e a entrada feita com cuidado e de maneira técnica. “Foi uma fatalidade e não um problema da postura da PM. Não temos a autoridade de aprovar ou não a entrada da imprensa durante operações como essas, mas é preciso tirar lições da morte de Gelson. Até que ponto vale buscar a informação. Os profissionais precisam reconhecer os seus limites,” disse o coronel Caldas.
Também esteve presente no enterro, o jornalista Ricardo Boechat, da BandNews, que questionou a afirmação do PM sobre a atuação da imprensa nas atividades policiais, e insistiu em redizer a importância de estar presente durante as operações nas comunidades cariocas.
“Como dizer para um correspondente de guerra para deixar de cumprir o seu trabalho. O profissional que está em campo, saberá o que é oportuno fazer ou não. A imprensa não pode deixar de cobrir essas áreas (comunidades) senão a sociedade não saberá o que está acontecendo lá dentro,” afirmou Boechat.
As 18h desta segunda-feira (7), foi fixada nas areias da Praia de Copacabana, na altura da avenida Princesa Isabel, uma faixa em homenagem ao cinegrafista. A mensagem está ao lado da cruz preta de cinco metros de altura, no qual está instalada a memória à engenheira desaparecida Patrícia Amieiro.
Peritos da Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil do Rio de Janeiro trabalham na ampliação das últimas imagens registradas pelo próprio cinegrafista, morto na zona oeste da capital fluminense. A DH informou que irá prosseguir com as buscas na favela de Antares, para tentar localizar o autor do disparo que matou Gelson.
Testemunhas disseram que o atendimento a Gelson, na favela de Antares, feito durante o tiroteio demorou cerca de 20 minutos, já que os tiros continuaram com intensidade mesmo depois de o cinegrafista ter sido baleado.
Em nota oficial, a TV Bandeirantes informou que Gelson estava com colete à prova de balas, um modelo permitido pelas Forças Armadas, usado pelos profissionais da emissora em situações de risco. Mesmo assim, o tiro de fuzil feriu o cinegrafista.
Segundo repórteres que estavam no local, antes de ser baleado, Gelson avistou um homem correndo com um fuzil na localidade conhecida como Rua do Valão. O tiroteio começou cedo, por volta das 6h, quando oito policiais, acompanhados de jornalistas, foram recebidos a tiros. Em determinado momento o grupo se separou. A maioria ficou protegida por um muro.
Gerson estava acompanhado pelo Cabo da PM, Gomes, quando atravessava a rua. Os dois estavam protegidos apenas por uma árvore. Os traficantes dispararam dois tiros de fuzil. O primeiro acertou a árvore e o segundo, o cinegrafista.
A vistoria na Favela de Antares contou com a participação de 100 PMs. Segundo a Polícia Militar, o objetivo da ação era checar informações recebidas pelas áreas de Inteligência do Bope e do Choque de que líderes do tráfico fortemente armados se reuniam no local. Quatro suspeitos foram mortos e outros nove foram presos, entre eles, está o "gerente" do tráfico na região, Renato José Soares, conhecido como "BBC," e seu braço-direito, Leandro Ferreira de Araújo, vulgo “China.”
A operação foi comandada pelo 1º tenente Leonardo Novo Oliveira Araújo. A ação policial apreendeu um fuzil AR 15, três pistolas, cinco rádios transmissores, um quilo de maconha, 574 trouxinhas de maconha, 522 pedras de crack, 100 pacotes de cocaína, R$ 3.154 e nove motos, entre outros.
Patrulhamento na favela é reforçado
A Polícia Militar reforçou o patrulhamento na região da Favela de Antares, na zona oeste do Rio de Janeiro, após a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Gelson Domingos da Silva.
Policiais militares do batalhão de Santa Cruz (27º BPM) também reforçaram o patrulhamento na região, com agentes do choque e de outras duas unidades na zona oeste estão reforçando o patrulhamento na região com agentes do choque e de outras duas unidades da PM na zona oeste.
Carreira interrompida
O cinegrafista sempre se destacou na cobertura de operações policiais e, de acordo com nota publicada no portal de notícias do Grupo Bandeirantes, era conhecido pela experiência e cautela no trabalho.
Gelson trabalhava na emissora desde setembro, no programa Brasil Urgente Rio. Em 2010, ele recebeu menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria TV, com o documentário “Pistolagem: Tradição ou Impunidade?” feito em parceria com o repórter Paulo Garritano e exibido pela TV Brasil.
O cabo Gomes, do Bope, que participou da ação, disse que ele era o alvo do tiro que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes. "O tiro que pegou o Gelson era para mim," disse muito abalado.
A morte do cinegrafista foi lamentada pela TV Bandeirantes, pela Presidência da República, pelo governo do Rio de Janeiro e por entidades que representam e defendem a imprensa. "O trágico episódio reforça em toda a sociedade o sentimento de gratidão e de solidariedade a todos os profissionais de todas as categorias que, como Gelson, arriscam-se em suas tarefas diárias em favor dos brasileiros," informa a nota divulgada pela Presidente Dilma Rousseff.
O cinegrafista deixa três filhos, dois netos e a esposa. "Repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, ele já trabalhou em outras emissoras como: SBT e Record e sempre foi reconhecido pela experiência e cautela no trabalho que exercia,” informa a nota oficial divulgada pela Band.
Giovani Rogério
O cinegrafista Gelson Domingos, 46 anos, da rede Bandeirantes, foi enterrado neste dia 7 de novembro no cemitério Vertical Memorial do Carmo, no Rio de Janeiro, após ter sido baleado durante uma operação realizada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope), na Favela de Antares, em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Autoridades e jornalistas estiveram presentes no enterro do cinegrafista, no cemitério Memorial do Carmo, no Caju. Ele foi enterrado com a bandeira do Vasco da Gama, time pelo qual torcia.
A morte de Gelson foi destaque na mídia nacional e internacional. Gelson foi atingido no domingo (6), com um tiro de fuzil no peito, enquanto acompanhava uma operação do Bope e do Batalhão de Choque (BPChoq) na favela de Antares, em Santa Cruz, na zona oeste da capital fluminense.
O Coronel Frederico Caldas, coordenador de comunicação social da PM, foi ao local prestar solidariedade em nome da corporação. De acordo com ele, a ação na favela foi planejada a partir de informações da inteligência do Batalhão de Choque, e a entrada feita com cuidado e de maneira técnica. “Foi uma fatalidade e não um problema da postura da PM. Não temos a autoridade de aprovar ou não a entrada da imprensa durante operações como essas, mas é preciso tirar lições da morte de Gelson. Até que ponto vale buscar a informação. Os profissionais precisam reconhecer os seus limites,” disse o coronel Caldas.
Também esteve presente no enterro, o jornalista Ricardo Boechat, da BandNews, que questionou a afirmação do PM sobre a atuação da imprensa nas atividades policiais, e insistiu em redizer a importância de estar presente durante as operações nas comunidades cariocas.
“Como dizer para um correspondente de guerra para deixar de cumprir o seu trabalho. O profissional que está em campo, saberá o que é oportuno fazer ou não. A imprensa não pode deixar de cobrir essas áreas (comunidades) senão a sociedade não saberá o que está acontecendo lá dentro,” afirmou Boechat.
As 18h desta segunda-feira (7), foi fixada nas areias da Praia de Copacabana, na altura da avenida Princesa Isabel, uma faixa em homenagem ao cinegrafista. A mensagem está ao lado da cruz preta de cinco metros de altura, no qual está instalada a memória à engenheira desaparecida Patrícia Amieiro.
Peritos da Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil do Rio de Janeiro trabalham na ampliação das últimas imagens registradas pelo próprio cinegrafista, morto na zona oeste da capital fluminense. A DH informou que irá prosseguir com as buscas na favela de Antares, para tentar localizar o autor do disparo que matou Gelson.
Testemunhas disseram que o atendimento a Gelson, na favela de Antares, feito durante o tiroteio demorou cerca de 20 minutos, já que os tiros continuaram com intensidade mesmo depois de o cinegrafista ter sido baleado.
Em nota oficial, a TV Bandeirantes informou que Gelson estava com colete à prova de balas, um modelo permitido pelas Forças Armadas, usado pelos profissionais da emissora em situações de risco. Mesmo assim, o tiro de fuzil feriu o cinegrafista.
Segundo repórteres que estavam no local, antes de ser baleado, Gelson avistou um homem correndo com um fuzil na localidade conhecida como Rua do Valão. O tiroteio começou cedo, por volta das 6h, quando oito policiais, acompanhados de jornalistas, foram recebidos a tiros. Em determinado momento o grupo se separou. A maioria ficou protegida por um muro.
Gerson estava acompanhado pelo Cabo da PM, Gomes, quando atravessava a rua. Os dois estavam protegidos apenas por uma árvore. Os traficantes dispararam dois tiros de fuzil. O primeiro acertou a árvore e o segundo, o cinegrafista.
A vistoria na Favela de Antares contou com a participação de 100 PMs. Segundo a Polícia Militar, o objetivo da ação era checar informações recebidas pelas áreas de Inteligência do Bope e do Choque de que líderes do tráfico fortemente armados se reuniam no local. Quatro suspeitos foram mortos e outros nove foram presos, entre eles, está o "gerente" do tráfico na região, Renato José Soares, conhecido como "BBC," e seu braço-direito, Leandro Ferreira de Araújo, vulgo “China.”
A operação foi comandada pelo 1º tenente Leonardo Novo Oliveira Araújo. A ação policial apreendeu um fuzil AR 15, três pistolas, cinco rádios transmissores, um quilo de maconha, 574 trouxinhas de maconha, 522 pedras de crack, 100 pacotes de cocaína, R$ 3.154 e nove motos, entre outros.
Patrulhamento na favela é reforçado
A Polícia Militar reforçou o patrulhamento na região da Favela de Antares, na zona oeste do Rio de Janeiro, após a morte do cinegrafista da TV Bandeirantes Gelson Domingos da Silva.
Policiais militares do batalhão de Santa Cruz (27º BPM) também reforçaram o patrulhamento na região, com agentes do choque e de outras duas unidades na zona oeste estão reforçando o patrulhamento na região com agentes do choque e de outras duas unidades da PM na zona oeste.
Carreira interrompida
O cinegrafista sempre se destacou na cobertura de operações policiais e, de acordo com nota publicada no portal de notícias do Grupo Bandeirantes, era conhecido pela experiência e cautela no trabalho.
Gelson trabalhava na emissora desde setembro, no programa Brasil Urgente Rio. Em 2010, ele recebeu menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, na categoria TV, com o documentário “Pistolagem: Tradição ou Impunidade?” feito em parceria com o repórter Paulo Garritano e exibido pela TV Brasil.
O cabo Gomes, do Bope, que participou da ação, disse que ele era o alvo do tiro que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes. "O tiro que pegou o Gelson era para mim," disse muito abalado.
A morte do cinegrafista foi lamentada pela TV Bandeirantes, pela Presidência da República, pelo governo do Rio de Janeiro e por entidades que representam e defendem a imprensa. "O trágico episódio reforça em toda a sociedade o sentimento de gratidão e de solidariedade a todos os profissionais de todas as categorias que, como Gelson, arriscam-se em suas tarefas diárias em favor dos brasileiros," informa a nota divulgada pela Presidente Dilma Rousseff.
O cinegrafista deixa três filhos, dois netos e a esposa. "Repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, ele já trabalhou em outras emissoras como: SBT e Record e sempre foi reconhecido pela experiência e cautela no trabalho que exercia,” informa a nota oficial divulgada pela Band.
Giovani Rogério
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